José Maria Castellano: Sedentarismo na infância com impacto cardiovascular é “um problema social”

Convidado internacional das Jornadas de Actualização Cardiovascular em Medicina Geral (JAC), José Maria Castellano abordou o impacto do sedentarismo das crianças que, no futuro, se irão tornar em adultos com problemas cardiovasculares. “Sabemos que 99% das crianças obesas se convertem em adultos obesos, sendo aqueles que apresentam maior risco de problemas cardiovasculares”. Assista à entrevista.

De acordo com o especialista do Centro Nacional de Investigações Cardiovasculares de Espanha, há duas mudanças culturais que afetam o futuro das crianças. A primeira prende-se com a perda da dieta mediterrânica, que “nos protegia”. A segunda deve-se ao sedentarismo durante a infância. “Antes as crianças brincavam na rua, praticavam desporto”. Hoje em dia, o seu tempo livre é passado dentro de paredes,  “e passa muito pelos telemóveis”, destaca.

Mais do que apenas uma questão médica, este é um assunto que deve envolver  as escolas. “As escolas têm de oferecer comida saudável. Em muitas já se retiraram os doces das máquinas automáticas, sendo substituídos por snacks saudáveis. A escola deve ser cardio saudável e proporcionar a prática de desporto”. Além disso, neste que José Maria Castellano identifica como um “problema social”, é necessário políticas alinhadas. Como diz, “políticos, médicos, ministério da Saúde, ministério da Educação, ministério dos Transportes, devem estar alinhados, para que que o urbanismo da cidade seja mais convidativo e existam mais espaços onde se possa caminhar, correr, brincar”.

As Jornadas de Actualização Cardiovascular em Medicina Geral decorreram de 25 a 27 de janeiro, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto.

Eduardo Vilela: O exercício físico adaptado a cada doente e a prevenção de eventos cardiovasculares

“Prescrição de exercício no contínuo cardiovascular – da prevenção à doença estabelecida” foi o tema da palestra de Eduardo Vilela nas Jornadas de Actualização Cardiovascular em Medicina Geral (JAC). O exercício físico, enquanto prática global e com impacto significativo, “quer nas doenças cardiovasculares, quer em muitas outras doenças, sejam elas metabólicas, osteoarticulares”, assume um papel fundamental na medicina preventiva Assista à entrevista.

Sendo a prática de exercício físico essencial, é desde logo “importante que o doente que o deseje”, salienta Eduardo Vilela. Para adequar a prática ao perfil do doentes, é necessário realizar a devida estratificação, Ou seja,  é necessário “saber o património cardiovascular, se há algum sintoma, se há algum fator de risco”, avaliar qual a modalidade pretendida e aconselhada, refere o cardiologista do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

O ambiente climática é outro ponto a ter atenção, na medida em que  a prática de exercício físico deve ser adaptada à temperatura. Como explica, as “temperaturas extremas, muito quentes ou muito frias, podem estar associadas também a eventos cardiovasculares. E, sobretudo, nas pessoas de maior risco, podem estar associadas a um atingimento cardiovascular mais significativo”, destaca Eduardo Vilela. Também aqui, a prática de determinados tipos de exercício deve ser aconselhada, com alguns cuidados a ter em conta, no que concerne a práticas como CrossFit.

As Jornadas de Actualização Cardiovascular em Medicina Geral decorreram de 25 a 27 de janeiro, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto.

JAC 2023: Cristina Gavina apresenta quatro estudos essenciais da área cardiovascular

Na sessão “Actualização Cardiológica Flash: O essencial de 2022 – os estudos que não posso ignorar”, Cristina Gavina abordou quatro estudos de âmbito cardiovascular , durante as Jornadas de Actualização Cardiovascular em Medicina Geral (JAC) 2023.

A seleção feita pela cardiologista do Hospital Pedro Hispano contemplou dois estudos relacionados com “a tentativa de encontrar, em doentes assintomáticos, ou doença subclínica ou eventualmente isquemia residual”. Os restantes dois dizem respeito à terapêutica farmacológica, nomeadamente dados relativos ao uso de hipertensores e à  terapêutica num único comprimido. Assista à entrevista.

A respeito das terapêuticas, como expressa Cristina Gavina, o ideal é sempre “simplificar esta terapêutica para haver menos falências e melhores resultados”. Considerando ser indiferente a hora da toma, o que importa  é ter em atenção as necessidades do doente:  “A toma e a forma mais confortável para o fazer é que vai marcar a diferença”, refere. Outro aspecto que sobressai quanto ao comprimido único, “associar tudo na mesma pastilha”  demonstra ter as suas vantagens, na medida em que  “as pessoas melhoram a adesão terapêutica e isso, também, se traduz em menos eventos cardiovasculares”. Acrescentando, “toda a simplificação terapêutica que se puder fazer, deve ser feita”, conclui a cardiologista.

As Jornadas de Actualização Cardiovascular em Medicina Geral decorreram de 25 a 27 de janeiro, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto.